quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Aumento de salaFRÁrios

O aumento dos salários dos políticos brasileiros no senado para R$ 26000,00 encontrou um eco contrário bem interessante quando um bispo se recusou a aceitar seu prêmio de direitos humanos:

“O aumento a ser ajustado deveria guardar sempre a mesma proporção que o aumento do salário mínimo e da aposentadoria. Isso não acontece. O que acontece, repito, é um atentado contra os direitos humanos do nosso povo”, declarou Dom Manuel Edmilson Da Cruz, bispo de Limoeiro do Norte.

http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2010/12/bispo-recusa-homenagem-apos-aumento-do-salario-de-parlamentares.html

Inclusive, no link acima pode ser vista a fala do consciente bispo, bem em meio aos algozes, que devem ter corado por dentro ao ouvi-lo.
Se há algo que é pérfido e molda com mau exemplo a estrutura psíquica de um povo, como o brasileiro, é essa absurda libertinagem que existe na nossa política e a falta de consciência entre esses funcionários que em realidade não são eleitos pelo povo, mas coagem a população de pouca instrução a elegê-los. A eleição, como apregoo sempre, deveria ser isenta da obrigatoriedade em nosso país, para que e dificultasse a ação marginal dos políticos corruptos numa engrenagem pérfida em que prometem feijão ou dinheiro e a população cumpre votando, para aguardar receber. Isso foi mostrado recentemente, se não me engano, no Pará, em que uma escuta telefônica demonstrou que a população cobrava de determinado político a promessa do pagamento de 200 ou 300 reais, visto que eles votaram conforme pedido. A resposta de um interlocutor a outro que mediava a cobrança era a de que ele havia prometido o pagamento, mas não a data: ou seja, que aguardassem mais um tempo para que fossem pagos. Se quiserem, leiam um outro texto sobre a questão do voto obrigatório de um pensador consciente brasileiro:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100926/not_imp615446,0.php
Ademais, lhes pergunto: por que existe a tecla “branco” e não a “nulo” nas urnas eletrônicas? Se fossem a mesma coisa, bastar-se-ia colocar na mesma tecla os dizeres: “branco/nulo”... mas não é o que vemos. Nunca esclarecem realmente a diferença entre voto branco ou nulo, deixando-nos em dúvidas. Eu creio que o branco é mais interessante aos partidos políticos, mas realmente não sei explicar como ainda.
Outra coisa: o fato de votarem em massa no Tiririca demonstra a imaturidade e falta de embasamento político no sentido original da palavra conquanto somos cidadãos da cidade, ou seja, da polis, e portanto, seres políticos naturalmente – tanto dele, como do povo – e também a falta de consciência no eleito: chegou à câmara e já foi dizendo que era um dia de sorte devido ao aumento. Nosso ilustre presidente também não deixou pra menos: bradou ironicamente dizendo que o “Lulinha aqui” não receberia o aumento que só iria vigorar ano que vem, em 2011, quando ele não mais estaria como presidente! Ora, as pessoas podem brincar o quanto quiserem, mas é notório que em tempos pretéritos, Lula bradaria contrariamente a esse aumento descabido e desproporcional. Agora ele nem pensa nisso. Lembro que ao salário ainda se aglutina um montante absurdo que os parlamentares podem gastar com assessores e outros gastos!
Num país que ainda tem uma pobreza que grassa, uma educação falida na base e uma saúde arrebentada e inflada que não consegue dar conta de quase nada dos problemas...a vergonha deveria corar a alma desses ilustres senhores, que depois ficam a reclamar das troças e críticas e da “generalização” de que todos eles são um bando de salafrários e “bandidos”.
O Bispo soube, em um momento adequando, alertar para a ignomínia que estava sendo cometida: um gesto nobre, ao recusar a premiação que estava sendo dada por eles...mostrando-lhes, ao menos em um instante, que o que faziam era realmente algo brutal e que ia de encontro a tudo o que qualquer ser humano e brasileiro quer: a honestidade e uma vida mais equilibrada, coisa que não ocorre. A maioria do povo brasileiro que constrói a nação é privada do essencial: são trabalhadores que acordam 4:30 da manhã e voltam às suas casas depois de um extenuante percurso diário à noite, sem poder ter alimento e educação adequadas, deixando seus filhos à míngua e à sorte das ruas, das escolas despreparadas e de uma TV que se coloca como uma madrasta perversa que empurra tudo goela abaixo.
É claro que assim, sem forças e tempo para reflexão, ninguém consegue ter tempo para ler...para se informar, gestar a informação e refletir.
São títeres usados pela corja de engravatados que se reúne esporadicamente em Brasília para deflagrar destinos e projetos muitas vezes supérfluos e destoantes do essencial...o mais brutal foi esse recente aumento a eles mesmos, cujo dinheiro vem diretamente dos impostos gritantes que todos pagamos. Muitos estudam e trabalham para galgar melhores posições...aqueles políticos não precisam disso (vide de novo o Tiririca). Basta se elegerem, sem concurso, sem exame, sem nada e pronto! Comandam as leis de um país! Homens que nem sabem diferenciar as regiões do Brasil, e muito menos se preocupam em se informar dos assuntos de pauta...
Triste é ver tudo isso e ainda acharmos que caminhamos para um Brasil de primeiro mundo! Eu cursei mestrado e doutorado, e a hora/aula que minha faculdade pagava, desde 2005, embora tenha havido aumento, não se modificou: meus quase 40 reais a hora/aula são os mesmos de 6 anos atrás! A história resumida desse descalabro colocarei no texto seguinte...que trará informações interessantes de que os maus exemplos da libertinagem inconseqüente de nosso governantes faz estragos e cria imitações terríveis (com o aval do próprio sistema caduco político)...
A propósito: Senado não é para qualquer pessoa novinha e sem experiência, não, senhores.
Se não sabem, Senado vem de senil, em que homens maduros e experientes se reuniam em Roma, para aplicar seus conhecimentos (mesmo lá, e com eles, houve a decadência que pode ser lida nos álbuns de Asterix). Assim, perdemos até os significados, ao colocarmos qualquer um sem a mínima experiência na vida e formação, no senado...
É hora de pensar, povo...de acordar!

Gazy Andraus (23 de dezembro de 2010)

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